sexta-feira, março 27, 2020

Quando se está perdida de si mesma?


Em meus atendimentos como terapeuta holística, existem frases que eventualmente surgem: "não sei o que fazer", "não sei o que quero", "não sei exatamente do que gosto". E embora eu veja estas frases no contexto de quem busca por ajuda terapêutica, ouso dizer que fora de consultórios, nas redes sociais, famílias, empresas, isso seja igualmente comum.
E as origens podem ser diversas: bloqueios, traumas,inseguranças, e até distração, em meio a uma sociedade com exigências tão velozes e duras. A seguir vou colocar algumas reflexões que me passam sobre essa situação.


"Autoconhecimento é empoderamento". Esta frase me inspira muito! Eu a uso como um slogan do meu trabalho. E encontro tanto significado nestas 3 palavrinhas juntas que sempre me motiva de uma nova forma. Além disso, sempre consigo aplicar esta frase na vida de meus utentes. De fato, se tornou meu mantra pessoal. Poderia escrever textos, fazer videos, cursos e muito mais partindo apenas do que esta frase me inspira. Mas voltemos a temática original.

Quando digo que ter autoconhecimento é ter empoderamento, de forma bem direta digo que quanto mais você se conhece, quanto mais sabe de si mesma (qualidades, defeitos, limitações, potencialidades adormecidas,...) mais poder você tem. Tem poder pessoal aos seus olhos e aos olhos dos outros. Se você se conhece (e esse é um exercício pra vida toda), saberá pelo menos o que não quer, e aos poucos descobrirá o que de fato quer.

Quando não nos conhecemos, as consequências são desastrosas! Fazemos cursos que não gostamos, entramos em relacionamentos sem sentido, frequentamos lugares que não nos acrescentam, gastamos dinheiro irresponsavelmente, etc. E isso tudo nos leva a duas situações: infelicidade e perda de tempo.


Outro ponto de análise é o que as Constelações familiares sabiamente tratam como "cada um no seu lugar". De forma muito breve e singela, significaria que cada um de nós tem na sua família e relacionamentos um lugar a ocupar. Assim podemos considerar que, não é saudável para nenhuma das partes ocuparem lugares diferentes dos que devem. Por exemplo: uma esposa que se porta como mãe do marido ou um filho que vira o pai da casa. Embora sejam comuns vermos situações deste tipo, sejam levadas de forma "inconsciente ou pelas circunstâncias da vida", a dura consequência é se perderem de quem são.

A vida tem uma ordem, uma razão de ser, uma organização. Se estivéssemos assistindo uma peça de teatro, e de repente um personagem começasse a agir como outro deveria, isso nos deixaria confusos não?! Pois é, imagine isso no palco da vida! Acaba por forçar um terceiro personagem a portar como o segundo deveria, para compensar a falta, e por aí vai... a confusão foi feita! E isso é super frequente no cotidiano. Se estou fazendo o que não é da minha incumbência, logo estou afastada de quem eu deveria ser.


Na minha próxima reflexão vou trazer a frase: "Quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar serve". E essa é uma das consequências inevitáveis de quem não sabe o que quer ou o que gosta: por não saber o caminho a seguir, segue qualquer um, e este qualquer caminho é um caminho que outro coloca. Acho isso bem triste, mas real. Estar a sombra, pisando nos passos deixados por outro apenas por "não ver opção melhor", é uma auto-limitação dolorosa de ver.

E isso se manifesta de tantas formas, que os exemplos são quase infinitos:
fé cega em lideres - o que faz com que muitas vezes (para seguir o que o ídolo diz), a pessoa entre em contradição com a sua própria vida e opiniões. Nesta situação a pessoa se torna objeto de fácil manipulação, e as decisões de sua vida ficam "terceirizadas" ao que seu líder disser.
seguir modismos indiscriminadamente - mudar radicalmente o estilo de roupa, de música, de festas e discursos pode indicar que inconscientemente esta pessoa apenas deseja ser aceita, e como moeda de troca coloca sua personalidade em jogo. Com o tempo, estas práticas e ambientes se tornam cada vez mais vazios e sem sentido, pois não é algo que a motiva internamente a fazer.


E por fim, trago a reflexão de um possível caminho de volta para nós mesmas: revisitar o passado e observar a origem do desvio de rota. Sem dúvida este processo pode ser bem doloroso e não caberia em um artigo de blog.
Um exercício possível é procurar olhar para sua vida e ver quando você deixou de fazer algo que queria, para fazer o que outro queria?
Outro exercício: qual foi a motivação real de ter escolhido coisas que escolheu?

Estes exercícios podem ser bem dolorosos pois por vezes se chega a conclusão de que decisões muito importantes da vida tiveram como motivação fugir de outra situação pior, ou por ser influenciado por alguém, ou até fazer algo para impressionar/ pertencer a alguém ou um grupo.

Mas não se martirize ou se deprima. Como eu disse no início do texto, isso é muito comum!
Mas se você despertou para isso, está vendo em alguma área da sua vida isso, siga seu caminho rumo a uma nova versão de si mesma. Viva a sua verdade! Pois autoconhecimento é empoderamento!


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